sábado, 20 de novembro de 2010

"Deem-me a cozinha e eu transformarei estas crianças"

Essa foi a frase do Marcelo Casanova e as crianças a quem ele se refere são as mais de 90 crianças do projeto Galera de Deus Escola de Valores - veja os vídeos.



O Galera de Deus Escola de Valores é um projeto coordenado pela Profa. Maria Luiza, coordenadora do Mestrado em Psicologia na UEL, e pelo seu marido, Marcelo Casanova, que deixou sua carreira de representante comercial para se dedicar em prol das crianças. A Profa. Maria Luiza utiliza os conceitos de Psicologia do Comportamento para educar e despertar os bons valores nas crianças. Diversas oficinas estão sendo realizadas, como Flauta, Aulas de Reforço Escolar e Contação de Histórias. Uma ideia que tem dado bastante certo é o dinheirinho do Galera, que recompensa positivamente e incentiva os bons comportamentos das crianças.

A mais nova oficina do projeto é a de Culinária, que acontece às segundas-feiras das 14:00 às 17:00. Contando em média com 40 crianças que moram principalmente no Morro do Carrapato e no Jardim Marabá, zona Leste de Londrina, a oficina é realizada por uma voluntária do Mercado São Francisco que também cursa Culinária. As crianças botaram a mão na massa e já fizeram enrolado assado de presunto, broa de fubá e brigadeiro de leite em pó. Mais do que simplesmente fazer, as crianças aprenderam a fazer do jeito certo, seguindo normas de higiene, procedimentos corretos e os uniformes. Além disso, seguem altíssimos critérios de qualidade exigidos pela professora. As oficinas foram tão animadas que os meninos até pararam de jogar futebol para aprenderem a fazer os salgados.

Apesar do bom andamento da oficina, o problema na região ainda é sério. Lá estão parte das 40 mil famílias que enfrentam a fome, conforme matéria na Folha de Londrina. Às quartas-feiras, o projeto Galera de Deus Escola de Valores está servindo almoços para 40 crianças que passam o dia todo sem comer. Nas quartas-feiras à tarde é também servido o Sopão ou uma Macarronada organizados pela própria moradora do bairro, Maria do Prado, atendendo 100 pessoas. Existem diversos fatores que levam à fome na região. No caso das crianças, seus pais, que em geral trabalham com reciclagem, saem de casa cedo e não podem retornar para fazer o almoço. Por não haver gás, os fornos são à lenha e as crianças não sabem usá-los. Além disso, por não haver energia elétrica, não há como cozinhar para a semana. Mesmo os programas sociais não atendem todos os que precisam do benefício e, muitas vezes, são também limitados. Há clara diferença entre a situação dos empregados e dos beneficiários de programas sociais.

O maior problema da fome é o atraso no desenvolvimento da criança. Em entrevista também publicada na Folha de Londrina, o Prof. Ronaldo Baltar, da UEL, diz: "É uma situação terrível, de desespero. A pessoa passa a viver em situação de risco quando não tem a noção do que vai acontecer no final do dia se não tiver um prato de comida. Cria-se uma instabilidade grande, uma incapacidade de pensar outras alternativas que não sejam buscar o alimento. Ninguém vai estudar ou se qualificar nessa situação. A solução para a fome passa a ser prioridade. A situação combinada de falta de abrigo, alimento e roupas, para quem tem uma família, é cruel. A fome crônica causa dificuldades de aprendizagem porque afeta a capacidade de concentração e de compreensão. Com fome, ninguém estuda, ninguém aprende. E surgem deficiências físicas que, a longo prazo, causam incapacidade para o trabalho."

Apesar deste cenário, a mudança sempre pode acontecer. Mesmo sendo inexperientes, os quitutes feitos pelas crianças ficaram excelentes. As próprias mães comentaram que os salgados poderiam até ser vendidos, despertando o interesse para que as oficinas fossem feitas também pelas mães, o que poderia vir a se tornar uma fonte de renda. Além disso, as oficinas podem ser realizadas de forma aos próprios moradores auxiliarem na realização dos almoços no projeto, dando a eles a oportunidade de se auto-sustentarem. Trata-se de uma ideia que veio das próprias mães!

Para isso, o objetivo agora é conseguir dois fornos industriais. O forno que está no projeto é muito pequeno e as aulas têm de ficar muito tempo paradas para aguardar o preparo. A cozinha equipada vai ser usada também para fazer os almoços para as crianças que passam o dia todo sem comer. A farinha e os alimentos já são arrecadados pelo Marcelo com 5 mercados de Londrina. Para a cozinha ser totalmente equipada, são necessários o fogão de 4 bocas, o fogão de 6 bocas e uma ilha para servir as refeições. O Marcelo fez o orçamento dos fornos industriais e conseguiu um bom preço. R$ 400,00 pelo forno de 4 bocas, R$ 150,00 pelo conserto de um forno de 6 bocas que está no projeto e R$ 500,00 para uma ilha de 8 caçarolas.

Segundo o Prof Ronaldo: "A solidariedade é fundamental, pois é isso que mantém, em boa parte, a expectativa, a esperança. Se não fosse isso, a situação de penúria, de sofrimento, seria muito maior. Nem sempre a pessoa que recebe caridade vai se acostumar. Isso até acontece em programas oficiais, mas em uma parcela pequena da população, porque as oportunidades de emprego oferecem salário menor. Não é falta de vontade de fazer outra coisa, é um cálculo racional. Em comunidades onde as pessoas têm uma atitude mais coletiva, há reforço da autoestima e incentivo à busca de uma solução coletiva. Da autoajuda acaba saindo a ideia da cooperativa que gera renda."

Se você quer fazer parte dessa mudança e contribuir, poste um comentário ou mande um email para galeradedeus@uel.br ou ligue para o número (43) 8824-7689.

A PRIMEIRA FORNADA VAI SER DE VOCÊS! FAÇA PARTE DESSA HISTÓRIA!

PROJETO OFICINA DE CULINÁRIA

Atividades em Andamento

Segundas-Feiras
  • Treinamento de crianças para Educação e criação de valores por meio de oficinas práticas de culinária
Quartas-Feiras
  • Realização de almoços para atender crianças em situação de risco alimentar
  • Realização de sopão e macarronada para atender a toda a comunidade
Atividades Planejadas
  • Realização de almoços todos os dias para atender crianças em situação de risco alimentar
  • Realização de sopão e macarronada para atender a toda a comunidade
  • Treinamento das mães para qualificação profissional e geração de renda
  • Formação de mão de obra para inserção no mercado de trabalho e para colaboração interna no projeto
  • Assistência na comercialização dos produtos feitos pelas mães
  • Palestras de conscientização sobre saúde e higiene alimentar
Público Atendido
  • 40 crianças nos almoços
  • 100 pessoas no Sopão
Moradores principalmente do Morro do Carrapato e Jardim Marabá, Zona Leste de Londrina

Localização da Sede do Projeto
Rua Santa Terezinha, 520 - Mapa

Impacto
  • No mínimo 40 crianças adequadamente alimentadas todos os dias, proporcionando as condições mínimas necessárias para o seu desenvolvimento
  • Qualificação de jovens para inserção futura no mercado de trabalho
  • Qualificação de mães para geração de renda e contribuição como auxiliares no projeto, permitindo um atendimento cada vez melhor à comunidade
  • Geração de renda por meio da comercialização dos produtos
  • Educação de valores prestadas às crianças que frequentam o projeto
  • Melhoria na saúde devido a melhor higiene na alimentação
Requisitos para o Início do Projeto
  • Forno industrial 4 bocas - R$400,00
  • Conserto de forno industrial 6 bocas - R$150,00
  • Ilha 8 caçarolas - R$500,00
Acompanhe quanto falta para começar a oficina!




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