sexta-feira, 4 de junho de 2010

A Diferença entre Gostar e Amar

Posto aqui trechos do artigo "Liderar-se e Ser Líder no Amor" de Antônio Jorge Pereira Jr, publicado na Revista Ser Família Ano 3 Nº 19. Recomendo a todos a leitura da revista - http://www.serfamilia.com.br/revista-ser-familia.html.

Gostar é ação da afetividade. Amar é ato da vontade. São atitudes diferentes e possuem diferentes objetos de atração. A confusão faz com que muitos pensem não amar mais porque não sentem o amor, enquanto outros pensam que amam pelo fato de sentirem, quando na verdade apenas gostam.

Amar pressupõe conhecer a forma imaterial do bem que nos atrai, leva a trabalhar para o bem do ser amado, a despeito de nós mesmos. Enquanto isso, gostar pressupõe experimentar uma sensação, viver a experiência sensorial de algo que deleita. Quem ama sai de si. Quem gosta, na ação de gostar, estaciona em si.

Ao amar, vivemos a experiência da transcendência: o motor de nosso agir está fora de nós, e nos leva a nos expandirmos como pessoa, indo ao encontro de outras pessoas, ou de um ideal. Ao gostar, atendemos especialmente os chamados da nossa afetividade e corporeidade, que são realidades que estão nos limites do nosso próprio ser.

Quando Jesus fala de amor no Novo Testamento, usa a palavra ágape, um amor traduzido pelo comportamento e pela escolha, não o sentimento do amor. Não queria dizer que devemos fazer de conta que as pessoas ruins não são ruins, ou nos sentir bem a respeito de pessoas que agem indignamente. O que ele queria dizer era que devemos nos comportar bem em relação a elas.

Os sentimentos de amor talvez possam ser a linguagem do amor ou a expressão do amor, mas esses sentimentos não são o que o amor é. Como a personagem Teresa do livro O Monge e o Executivo disse: "o amor é o que o amor faz".

Nem sempre podemos controlar o que sentimos a respeito de outra pessoa, mas podemos controlar como nos comportamos em relação a outras pessoas.

Podemos amar uma pessoa de quem não gostamos. Manifestamos amor quando fazemos livremente o bem às pessoas sem distinção de raça, credo, nacionalidade, o que não significa que gostemos dessas pessoas: pode ser que não nos atraia conviver com elas. Madre Teresa não desfrutava de prazer sensorial quando recolhia os rejeitados nas latrinas da Índia, mas tratava-os com carinho. Com certeza os amava. E por isso os servia.

Podemos também gostar de alguém que não amamos, podendo inclusive simular a aparência de amor quando, na verdade, queremos extrair do outro algo que nos satisfaz. Sentimo-nos atraídos porque o outro nos torna a vida mais agradável, queremos servir-nos dele. Podemos desejar alguém sem que isso signifique que queiramos o seu bem, uma falsificação de amor. Ausente a postura de doação com vistas a realizar o outro, a relação sexual manifesta comércio sexual. O amor é uma realidade mais rica.

Sem virtudes, é mais difícil que o amor vença o gosto, quando apontam para direções opostas. Para ter uma amor sólido, portanto, é necessário desenvolver virtudes.